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A beleza e a problemática das Aves Migratórias

As aves migratórias utilizam pelo menos dois locais diferentes ao longo de seu ciclo anual: um durante o período reprodutivo e outro no período não reprodutivo. Periodicamente o Brasil é visitado por milhares de espécies durante o verão da América do Sul, no qual permanecem até o início da primavera da América do Norte, para onde retornam e se reproduzem.

Um ótimo exemplo dessas espécies são os maçaricos-de-papo-vermelho (Calidris canutus), os quais formam um grupo de aves que geralmente habitam regiões costeiras. Eles se reproduzem no verão da tundra canadense e migram para Terra do Fogo, Argentina, assim que a estação fria começa a se aproximar.

Durante esse processo, essas aves conectam diferentes partes do planeta, o que gera consequências relevantes nos ecossistemas. Por isso, é importante monitorar e entender a dispersão de microrganismos com potencial patológico, uma vez que há sérios riscos de eclosão de surtos de doenças emergentes em humanos ou em animais domésticos e de criação.

O vírus da influenza aviária, por exemplo, pode acometer inúmeras espécies de aves e mamíferos, causando síndrome respiratória e nervosa. Devido a isso, sua notificação é obrigatória em planteis comerciais, tendo em vista os impactos gerados na economia e saúde pública. As aves de comportamento migratório pertencentes às ordens Anseriformes (patos, marrecos e cisnes) e Charadriiformes (maçaricos, gaivotas e trinta-réis) são consideradas reservatórios desse vírus e podem favorecer sua disseminação entre diversos países. Assim, a compreensão sobre a circulação desse patógeno, sua ecologia e epidemiologia no Brasil é de extrema relevância.

A doença é contemplada pelo estudo de monitoramento anual da Doença de Newcastle e Influenza aviária, feito pelo Núcleo do Programa Nacional de Sanidade Avícola (DDSA/IAGRO), na região do Pantanal. A partir dele, notou-se que aves de subsistência residentes na região em questão têm contato com espécies migratórias e silvestres. Dessa maneira, elas estão mais expostas a possíveis patógenos, tornando-se potenciais reservatórios amplificadores e disseminadores de vírus, incluindo para as próprias aves migrantes.

Além disso, as aves silvestres também estão expostas a diferentes parasitas nas suas áreas de acasalamento boreais ou temperadas e nas áreas de invernagem tropicais ou subtropicais, possuindo semelhante potencial dispersor de parasitos nessas regiões. Em um levantamento feito em 2007, por exemplo, foram encontrados os protozoários plasmodium e haemoproteus em aves residentes americanas.

Nesse sentido, portanto, é essencial a contínua vigilância epidemiológica dos patógenos capazes de acometer aves silvestres migratórias. A partir disso, com a obtenção de informações sobre a epidemiologia, tipos circulantes e suas características patogênicas, é possível promover medidas apropriadas pra prevenção e controle caso ocorram surtos no país.




REFERÊNCIAS


HURTADO, R. F. Vigilância epidemiológica dos vírus da influenza aviária em aves migratórias na região costeira da Amazônia. [Epidemiological surveillance of avian influenza viroses um migraatory birds on the Aamazon coast] 2013. 122f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2013.


LIMA, P.C. Impactos ambientais e indicadores de risco de introdução de patógenos veiculados por aves migratórias no Brasil. Tese (Doutorado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2017


PESQUISA ANALISA DISPERSÃO DE PARASITAS POR AVES NAS AMÉRICAS. Agência Fapesp, 2017. Disponível em: https://agencia.fapesp.br/pesquisa-analisa-dispersao-de-parasitas-por-aves-nas-americas/24707/. Acesso em 23 de março de 2021


MONITORAMENTO DE INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA DE NEWCASTLE NO SÍTIO DE AVES MIGRATÓRIAS É REALIZADO NO MS. Agência Estadual de Defesa Sanitária Vegetal e Animal (IAGRO), 2020. Disponível em: https://www.iagro.ms.gov.br/monitoramento-de-influenza-aviaria-e-doenca-de-newcastle-no-sitio-de-aves-migratorias-e-realizado-no-ms/. Acesso em 23 de março de 2021


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