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Foto do escritorLarissa Silva Castro

Aranhas e sua importância na produção de alimentos agroecológicos

As aranhas são artrópodes pertencentes à ordem Araneae da classe Arachnida. Desta ordem já foram descritas até o momento mais de 40 mil espécies, número este que está em constante crescimento. Estes artrópodes estão naturalmente presentes em todos os continentes, exceto na Antártida, e ocupam diversos ambientes terrestres, possuindo maior variedade em regiões tropicais.

As aranhas, em sua maioria noturnas, são encontradas em condições ecológicas diversas. Além disso, apresentam distinções em suas características morfológicas e dispõem de diferentes estratégias de predação e modo de dispersão.

A agroecologia tem preceitos que buscam desenvolver sistemas de produção agrícola com maior sustentabilidade e, para isso, são necessárias práticas de manejo que potencializem o controle biológico natural. Neste contexto, as aranhas, assim como outros aracnídeos, são predadores e alimentam-se sobretudo de insetos e, em função disso, são apontadas como inimigas naturais e podem controlar de forma eficiente as populações de insetos-praga. Aranhas da família Lycosidae, por exemplo, podem matar mais de 50 vezes a quantidade de grilos que são capazes de se alimentar. Outros estudos mostraram que o aumento da atividade de aranhas em determinados agroecossistemas contribui para a redução de cigarrinhas.

Em condições normais, algumas aranhas podem percorrer cerca de 20 metros por noite, no solo ou vegetação. Já em condições adversas, podem mover-se por 100 a 200 metros por noite à procura de alimento e melhores condições ambientais, sendo assim, são capazes de predar insetos por uma extensa área e se dispersam com facilidade. Há espécies que capturam por espreita e emboscada, e outras que usam teias em formatos distintos para prender suas presas.

Aranhas de diferentes espécies podem ser necessárias para o controle biológico, no entanto, as mesmas aranhas não são eficientes em todos os agroecossistemas nem contra todos os tipos de presas, pois diferem em estratégias de caça, preferência de habitats e período de atividades. Ademais, algumas medidas são importantes para a preservação da predação dentro de um agroecossistema, como a redução de substâncias químicas e físicas dentro dos habitats e adoção de refúgios naturais para estes predadores.

Desta forma, é possível compreender a importância das aranhas para o controle biológico de pragas em sistemas agroecológicos, sendo sua diversidade um indicativo de estabilidade, produtividade e complexidade do sistema. Mais estudos acerca da predação das aranhas sobre os insetos são essenciais, pois permitem a melhoria de manejos conservacionistas, reduzindo danos ao meio ambiente e produzindo conhecimento acerca da biodiversidade local.




REFERÊNCIAS

ANDRADE, Etielle Barroso de et al. Aranhas (Arachnida; Araneae) em horta agroecológica no município de Parnaíba, Piauí, Brasil, e considerações sobre o seu papel como inimigos naturais e indicadores da qualidade ambiental. Embrapa Meio-Norte-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2007.


AQUINO, Adriana Maria de; CORREIA, Maria Elizabeth Fernandes; AGUIAR-MENEZES, Elen de Lima. Aranhas em agroecossistemas. Seropédica- RJ: Embrapa Agrobiologia-Documentos (INFOTECA-E), 2007.


CIVIDANESS, Francisco Jorge et al. Diversidade e distribuição espacial de artrópodes associados ao solo em agroecossistemas. Bragantia, v. 68, n. 4, p. 991-1002, 2009.


CUNHA, José Alex da Silva et al. Atributos agroecológicos de solo e caracterização de predadores generalistas no cultivo de melancia nos tabuleiros litorâneos do Piauí, Brasil. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 9, n. 1, p. 269-281, 2014.


GONZAGA, Marcelo O. et al. Ecologia e comportamento de aranhas. In: VASCONCELOS, Heraldo L. Ecologia e Conservação dos cerrados, campos e florestas do Triângulo Mineiro e Sudeste de Goiás. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2020. P. 221-241.

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