A criptococose é uma zoonose oportunista, causada pela levedura capsulada Cryptococcus neoformans, sendo encontrada em solo, frutos e vegetais em decomposição, apresentando como reservatórios as fezes das aves, principalmente pombos. Entretanto, estudos recentes destacam a importância de psitacídeos como potenciais reservatórios do agente etiológico e sua importância para a saúde humana.
Os psitacídeos são de longe a família de aves silvestres mais criada em cativeiro no Brasil, sendo obtidas muitas vezes por meios ilegais como o tráfico. Levando isso em consideração, muitos desses animais podem chegar aos novos lares como carreadores de importantes doenças, destacando-se as infecções fúngicas, como a criptococose.
As aves dificilmente se infectam pelo agente etiológico, mas atuam como disseminadoras do fungo, uma vez que o patógeno é liberado para o ambiente através das fezes dos animais infectados. Além disso, a alta concentração de nitrogênio em suas fezes favorece o desenvolvimento e a manutenção fúngica no solo.
A infecção de humanos e animais domésticos se dá principalmente através da via aerógena (inalação do pó das fezes secas das aves). Sendo assim, como não há uma comprovação de transmissão direta de animais para humanos e vice-versa, mas de uma exposição a um ambiente comum, classifica-se a criptococose como uma saprozoonose.
Em relação à doença, ela pode se apresentar de forma subaguda ou crônica, afetando principalmente alvos imunossuprimidos. Pode-se dividir em quatro síndromes principais, que podem ocorrer de forma isoladas ou associadas, tais como a síndrome respiratória, síndrome neurológica, síndrome ocular e síndrome cutânea, sendo a síndrome respiratória a mais frequente.
Apesar dos psitacídeos não serem tão comumente associados como reservatórios de criptococose como os pombos, as informações citadas acima e a ocorrência em pesquisas cada vez mais constante de aves cativas infectadas nos alertam para uma grave questão de saúde pública, uma vez que a obtenção de aves de origem incerta, manejo errôneo desses animais e o contato mais intimo com essas aves são fatores predisponentes para a disseminação da doença.
REFERÊNCIAS
MÜLLER, M.; NISHIZAWA, M. A criptococose e sua importância na Medicina Veterinária / Cryptococcosis and its importance in Veterinary Medicine / Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP. São Paulo: Conselho Regional de Medicina Veterinária, v. 15, n. 1, p. 24-29, 2017.
SANTOS1 , L. L; FERREIRA2 , F. M; LOPES3 , S. F; CONDAS4 , L. A; MURO5 , M. D; LUGARINI6 , C. Pesquisa de Cryptococcus neoformans e Candida spp. em excretas de psitacídeos e passeriformes cativos. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 12, n. 1, p. 5-9, jan./jun. 2009.
GALIZA, Glauco J.N. et al. Características histomorfológicas e histoquímicas determinantes no diagnóstico da criptococose em animais de companhia. Pesq. Vet. Bras. [online]. 2014, vol.34, n.3 [cited 2020-12-10], pp.261-269.
FILIð, Wander Fernando de Oliveira; WANKE, Bodo; AGÜENA, Sandra Maura; VILELA, Valter Oshiro; MACEDO, Regina Célia Lima; LAZÉRA, Márcia. Cativeiro de aves como fonte de Cryptococcus neoformans na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, [S.L.], v. 35, n. 6, p. 591-595, dez. 2002. FapUNIFESP (SciELO).
Comments