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M.V. Adressa Kagohara

E AGORA? Encontrei um filhote fora do ninho!

Quem nunca encontrou um filhotinho de ave perdido por aí?

Pois é, esse cenário é bastante comum, e muitas pessoas não tem ideia de como deveriam reagir nesse momento, sendo a primeira ação, recolher o pequeno filhote e leva-lo para casa. Entretanto, antes de pensar em recolhê-lo, alguns fatos devem ser levados em consideração, como: “os pais estão nos arredores?”, “o ninho é acessível?”, “ele está bem?”...

Somente em algumas circunstâncias específicas, as aves abandonam sua prole, sendo assim, é importante verificar se o filhote realmente está desamparado.

  • Somente em algumas circunstâncias específicas, as aves abandonam sua prole, sendo assim, é importante verificar se o filhote realmente está desamparado.

  • Se os pais estiverem aos arredores e o ninho não for acessível, acondicione o filhote em um lugar seguro de predadores, e que esteja visível aos pais para que estes tenham acesso ao filhote. E observe se os pais realmente estão indo até ele.

  • Se o ninho estiver acessível, é possível também devolver o filhote ao mesmo, com muito cuidado para não manipula-lo. Observe-o por um tempo para se certificar de que os pais estão retornando ao ninho.

  • Se a ave tiver alguma alteração que precise de cuidados médicos, procure atendimento com um Médico Veterinário especializado.

Se o filhote foi realmente abandonado, ou caso nenhuma das opções anteriores seja viável,

MUITA ATENÇÃO NESSAS DICAS!

  • Avalie o animal, com relação ao escore corporal (preenchimento dos músculos peitorais), procurar por ectoparasitas, aumento de volume abdominal, postura, conformação dos membros e bico, alterações de empenamento e a qualidade das fezes.

  • Acondicione a ave em um ninho artificial, podendo ser uma caixa pequena. O substrato para a construção do ninho deve ser absorvente, promover estabilidade aos pés do filhote e não causar grandes problemas caso seja ingerido.

  • Os filhotes de aves precisam de FONTE DE AQUECIMENTO, pois os mesmos não têm capacidade de termorregulação. Logo, é necessário ofertar uma fonte de emissão de calor contínua, sendo aproximadamente 30°C a temperatura ambiente ideal para a maioria das espécies, que pode aumentar ou diminuir de acordo com a idade da ave.

  • Deve-se atentar também a umidade do ninho, que deve estar em torno de 50%, sendo importante a sua manutenção para que a ave não desidrate (baixa umidade), ou haja proliferação de fungos no ninho (alta umidade).

  • Para alimentação, existem opções de formulações de papinhas artificiais, para diferentes espécies de aves, que podem ser utilizadas até que a ave consiga se alimentar sozinha. É possível confeccionar receitas caseiras, mas em longo prazo o uso da papinha artificial é mais vantajoso, visto que a mesma é formulada para suprir as necessidades do filhote. *a papinha não deve ser reutilizada em refeições subsequentes. > Caso este filhote seja carnívoro, carne suplementada e/ou presa abatida deve ser ofertada para sua alimentação; > O alimento pode ser ofertado em seringas, sondas rígidas (metálicas), sondas maleáveis (sonda uretral cortada), colheres, espátulas pequenas ou pinças. O animal inicialmente pode ser resistente à alimentação, porém se continuar se recusando a comer, pode ser um sinal clínico. > Cuidados devem ser tomados na hora da alimentação, caso sejam utilizadas sondas e seringas, para que se minimize a possibilidade de fazer falsa via.

  • Segurar a ave de modo seguro, na posição vertical, com o cuidado de não comprimir o corpo, principalmente o esterno, a fim de não prejudicar a sua respiração.

Aves pequenas e de médio porte devem ser contidas com uma mão, com o polegar e o indicador posicionados lateralmente na mandíbula e o corpo posicionado na palma da mão, seguro pelo restante dos dedos.

  • No caso de utilização de sonda ou seringa, esta esta deve ser gentilmente introduzida no esôfago, tomando cuidado com a glote, posicionar o dedo do lado esquerdo do pescoço, pode assegurar a passagem na via correta. E administrar lentamente para a ave não regurgitar.

> A frequência de alimentação muda de acordo com a idade e o tamanho da ave. Aves menores e mais jovens precisam ter um intervalo menor entre refeições, inicialmente com intervalos de duas horas, aumentando gradualmente o tempo de acordo com o desenvolvimento do filhote. Inicialmente será necessário alimentá-lo inclusive durante a noite.

  • Importante monitorar o peso da ave, periodicamente.

  • Aos poucos se deve estimular a ave a comer e beber sozinha, iniciando a preparação do filhote para retornar a natureza.

  • Importante ofertar banhos de sol diários, de preferência no início da manhã.

  • A higiene do ninho e dos utensílios de manejo do filhote deve ser rigorosa e frequente, a fim de evitar infecções por agentes oportunistas.

  • Quando as penas de voo estiverem desenvolvidas, acondicionar o filhote em recinto fechado, e iniciar o estímulo à utilização das asas.

  • Assim que tiver o desenvolvimento completo, realizando voo e ingerindo alimentos e água por conta própria, é hora de devolvê-lo para a natureza. >Importante verificar a previsão do tempo para realização da soltura. >E soltá-lo onde o encontrou ou próximo do local. > Seria interessante realizar um check up antes da soltura, para assegurar que não haja contaminação do ambiente.

Andressa Kagohara

Médica Veterinária pela UFRRJ – 2017

Bolsista de Apoio Técnico Profissional no Hospital Veterinário da UFRRJ no Setor de Medicina de Animais Selvagens e no Setor de Clínica Médica de Animais de Companhia

Membro da ABRAVAS

FONTES:

Essentials of Avian Medicine and Sugery, 3rd Edition, 2007

Avian Medicine and Surgery in Practice, 2010.

Avian Medicine: Principles and Application, 1994.

Aspectos evolutivos e ecológicos do cuidado parental em aves:

Publicações em ambientes temperados e tropicais, 2010.

doi:10.4257/oeco.2010.1404.05

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