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Ecdise em aranhas

A ecdise é definida pela Zoologia como o processo de perda ou soltura do tegumento que pode ocorrer em diversos invertebrados como artrópodes e nematóides, na troca de pele em serpentes, plumagem nas aves e pelagem em alguns mamíferos. No caso dos invertebrados, essa mudança está relacionada ao processo de troca completa do exoesqueleto de quitina. Durante essa transformação, os animais se tornam mais frágeis e suscetíveis a injúrias externas. O exoesqueleto de quitina é uma estrutura rígida que recobre toda estrutura corpórea e confere proteção contra patógenos, suporte e forma. Assim, por conta dessa condição esses animais não terão um crescimento contínuo, precisando realizar a ecdise ou muda durante a vida.

Nas aranhas, pertencentes à classe Arachnida, essa troca será em decúbito dorsal, ou seja, o ventre estará direcionado para cima e as patas estendidas, essa posição não deve ser confundida com a de um animal sem vida. Aranhas que entraram em óbito terão os apêndices flexionados por não terem mais estimulação da hemolinfa circulante para manterem-nos estendidos. Caso esse aracnídeo tenha perdido alguma estrutura, ela pode ser regenerada durante as próximas mudas. No entanto, é importante pontuar que os profissionais saibam qual espécie estão manipulando, pois a ecdise em algumas delas podem ocorrer durante toda a vida ou apenas até a maturidade sexual.

De modo geral, essa condição só será estimulada em ambiente propício, ou seja, oferta correta de água, temperatura, espaço, umidade e substrato. Alguns sinais podem ajudar a identificar se o animal está em período de muda como a perda de apetite, coloração mais escurecida, diminuição da atividade e perda de pelos. No momento adequado, provavelmente, ele irá criar uma camada de proteção tecendo teias e as cobrindo com cerdas urticantes no intuito de criar uma proteção nessa fase delicada. O tempo é variável podendo durar mais de 8 horas, porém é normal que essas aranhas estejam frágeis por volta de três dias após a ecdise, uma vez que o novo exoesqueleto só se tornará rígido ao longo das horas em contato com o ar.

A alimentação das aranhas é baseada, principalmente, de outros bichos vivos e em cativeiro, portanto, não deve ser ofertada comida nesse período visando a integridade do aracnídeo já que a presa pode até mesmo causar injúrias nesse predador ou fazê-lo parar a ecdise culminando em um processo de disecdise. A disecdise é a falta de completude do processo de ecdise mantendo-se assim resíduos do antigo exoesqueleto possibilitando um estrangulamento desses apêndices. Caso ocorra, é necessário remover essa cutícula restante, apesar de não ser recomendada por alguns profissionais atuantes. O que pode ser feito por profissionais capacitados é, após 24 horas, em casos extremos, tentar retirar esse antigo exoesqueleto tracionando o fragmento, com cuidado para não retirar o tecido novo ou extrair erroneamente esse apêndice. Outra alternativa é a utilização de glicerina para lubrificar o local, surfactantes e cirurgia para retirada dessa parte acometida. De toda forma, o mais indicado é oferecer todas as condições para essa troca ser a mais íntegra possível no intuito de não causar distúrbios futuros a esses animais.




REFERÊNCIAS


CHIARIELLO, Thiago. 2ª Turma: Introdução à Clínica de Aranhas e Escorpiões. 03 de junho de 2021. Notas de Aula. Evento online.


McLEOD, Lianne. Everything You Need to Know About Molting Tarantulas. The Spruce Pets, 22 02 21. Disponível em: . Acesso em: 04 junho 2021.


PELLET, Sarah, et al. Tarantula husbandry and critical care. Tarantulas are gaining popularity as pets, and are seen more frequently in practice. Disease recognition and prevention is essential amongst collections. Clinical examination of spiders and common conditions are discussed in the article. Companion animal, Fevereiro 2015. Disponível em: . Acesso em: 04 junho 2021.


VALENTIN, Rafael; ATAÍDE, Michelli. ECDISE DE ARANHA-CARANGUEJEIRA (Lasiodora sp.) EM CATIVEIRO. 2015. Semana do Conhecimento UPF. Disponível em: . Acesso em: 04 junho 2021. ZACHARIAH, Trevor; MITCHELL, Mark. Manual of Exotic Pet Practice. Pages 11-38 ed., W.B. Saunders, 2009. Elsevier. Disponível em: . Acesso em: 04 junho 2021.

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