Diariamente, milhares de veículos percorrem as rodovias e estradas distribuídas ao longo do território brasileiro, causando impactos preocupantes para a conservação da fauna silvestre, como o atropelamento de animais e fragmentação de habitats. De acordo com o levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE, 2015), estima-se que a cada segundo cerca de 15 animais são mortos em estradas e rodovias do nosso país, ou seja, 1, 296 milhão por dia, resultando em 475 milhões de animais mortos por ano. Tendo em vista esse quadro preocupante, a “Ecologia de Estradas”, termo criado pelo ecólogo Richard Forman em 1998, surgiu com objetivo de detectar os efeitos socioambientais causados pela construção e utilização de estradas, assim como encontrar maneiras para reduzir esses impactos.
E como a ecologia de estradas funciona?
Em suma, ela utiliza como base fundamentos da ecologia de paisagem associada à biologia da conservação. Baseado nisso, são desenvolvidas pesquisas e trabalhos com amostragem das espécies e espécimes presentes em uma região que estão sofrendo os efeitos diretos da infraestrutura viária. Com os resultados encontrados, é possível interpretar os dados e analisar formas de mitigar os impactos causados na biodiversidade.
A mortalidade de vertebrados por atropelamento supera a caça no Brasil e tem como consequência o declínio da biodiversidade em muitos locais, especialmente quando são atingidas espécies que já se encontram em risco de extinção. Tendo em vista que as mais diversas espécies selvagens são vítimas de atropelamentos, é importante salientar que esses animais não entendem o perigo de atravessar nessas vias e acabam sendo atingidos fatalmente.
Nessa perspectiva, no ano de 2017 foi criada a Estratégia Nacional para Mitigação de Impactos da Infraestrutura Viária na Biodiversidade (BioInfra Brasil), com objetivo de aprofundar o conhecimento sobre os efeitos de estradas e rodovias, estabelecer ações transdisciplinares a serem desenvolvidas e aumentar as políticas públicas relacionadas a essa problemática. Além disso, diversos projetos vêm sendo aplicados para avaliar os impactos ambientais de atropelamentos sobre os animais silvestres, como por exemplo o Sistema Urubu, o Projeto Rodofauna e o Projeto Bandeiras e Rodovias, entre tantos outros que auxiliam na identificação de áreas críticas de acidentes e espécies mais afetadas. Assim, espera-se um melhor gerenciamento e planejamento das estradas e rodovias com aumento da sustentabilidade e possibilidade maior de garantir a manutenção e conservação da fauna silvestre.
REFERÊNCIAS
DAMKE, Marcio Jose. Road Ecology: Impact of highways on vertebrate fauna of the Santa Helena, PR. 2018.34. f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas), Coordenação do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Santa Helena, PR, 2018.
Ribeiro, Douglas José da Silva. Ecologia de estradas e educação ambiental: um diálogo possível? / Douglas José da Silva Ribeiro. – Curitiba, 2020.
FORMAN, R. T. T.; Alexander, L. E. Roads and their major ecological effects. Annual Review of Ecology and Sistematics, 29: 206-231, 1998.
FORMAN, R. T. T. et al. Road ecology: science and solutions. Washington: Island Press, 2002, 481 p.
OLIVEIRA, E. A. et al. Propostas para redução da mortalidade por atropelamento da fauna silvestre na Avenida Itavuvu, Sorocaba - SP. Scientia vitae, v. 3, n. 11, 2016.
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