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Impactos da acidificação dos oceanos

A grandiosidade dos oceanos não está apenas em sua dimensão, que chega a ocupar pouco mais de 2/3 da superfície terrestre, mas sua suma importância também se atribui à alta produção de oxigênio (as algas marinhas e o fitoplâncton produzem cerca de 70% do oxigênio presente na atmosfera), dentre outros fatores. É fato que os oceanos desempenham um papel primordial para o equilíbrio do planeta, como na formação das nuvens e dos rios aéreos, contribuem para a regulação das chuvas nas florestas, além de serem habitat para diversos seres vivos e possuiriam ecossistemas únicos. Contudo, toda essa opulência não os torna inatingíveis às ações antrópicas e aos efeitos das mudanças climáticas, levando a impactos negativos, como a acidificação das águas oceânicas.

Em 2009, foi proposto o conceito de fronteiras planetárias, onde se estabeleceu que os sistemas da Terra têm limites ambientais dentro dos quais a humanidade deve operar com segurança, respeitando-os para que não haja uma escassez de recursos. Foram definidas nove fronteiras, dentre elas, a acidificação dos oceanos, que é a diminuição do pH da água, tornando-a mais ácida e podendo acarretar em um possível colapso ambiental e perda da diversidade marinha, ocasionando diversas consequências negativas.

A acidificação dos oceanos está diretamente ligada ao aumento das emissões atmosféricas de CO2, ocasionada pela queima de combustíveis fósseis, que se agrava pelo desmatamento, assim, lançando mais gás carbônico na atmosfera. Cerca de 30% a 40% do dióxido de carbono presente na atmosfera é dissolvido nos oceanos. Em primeira instância, essa absorção pelos oceanos pode ajudar a melhorar os efeitos climáticos, mas tem efeito negativo para vários organismos oceânicos, podendo impactar em graus variados.Isso se dá pelas reações químicas da dissolução de grande quantidade de O2 na água, que afeta na formação do carbonato de cálcio.

Estudos mostraram que os estados de saturação ambiental mais baixa de carbonato de cálcio podem ter um efeito dramático em algumas espécies calcificantes, incluindo ostras, mariscos, ouriços-do-mar, corais de águas rasas, corais de águas profundas, corais do mar profundo e plâncton calcário. O fato de haver mais íons de hidrogênio livres, influencia de forma direta no pH da água, diminuindo-o e, desse modo, tornando-o mais ácido.

O aumento da acidez somado à saturação mais baixa de carbonato de cálcio afeta seres vivos em diversos níveis. Dentre os efeitos biológicos nos organismos marinhos está a queda da taxa metabólica e queda na resposta imune, o que os torna mais suscetíveis a patógenos. O carbonato de cálcio também é fundamental para o esqueleto de corais, moluscos e caranguejos, além da sua funcionalidade a nível de plâncton: muitos seres microscópicos têm suas estruturas dependente dessa substância. Assim, ocorrem consequências em efeito cascata, afetando todo nível trófico. Também foi perceptível que o CO2 aumenta o ruído oceânico, o que afeta as propriedades acústicas da água do mar, abalando animais que utilizam a ecolocalização.


É indiscutível a importância dos oceanos a nível econômico e social, e a exploração exacerbada de seus recursos pode desencadear consequências incalculáveis e afetar todos os aspectos da vida terrestre. Diante dessa situação, é urgente a necessidade de um novo paradigma que integre o desenvolvimento humano de forma sustentável e flexível. Para isso, são necessárias ações a níveis globais, desde políticas para tentar retardar esses efeitos, ou até controlá-los, além da existência de mais estudos científicos acerca do assunto que ainda é pouco elucidado.




REFERÊNCIAS


STEFFEN, Will et al. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet. Science, v. 347, n. 6223, 2015. Disponível em: <https://science.sciencemag.org/content/347/6223/1259855>. Acesso em: 02 de ago. De 2020.


SODRÉ, Camilla Fernanda Lima; SILVA, Yuri Jorge Almeida da; MONTEIRO, Isabella Pearce. Acidificação dos Oceanos: fenômeno, consequências e necessidade de uma Governança Ambiental Global. Revista Científica do Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável da UNDB, v. 1, n. 4, 2016. Acesso em: 31 de jul. De 2020.


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