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Lagomorfos e pequenos roedores em cativeiro: será que estão recebendo os cuidados necessários?

A popularidade de lagomorfos como leporidae, coelhos e lebres, e pequenos roedores como os cricetidae, onde se incluem os hamsters, gerbillinae, como os gerbils, chinchillidae, na qual pertencem os chinchilas, e outros animais não convencionais como pets de companhia tem crescido muito no Brasil nos últimos anos. Devido à falta de informação fornecida aos proprietários, principalmente na hora da compra, é muito comum que ocorram erros de manejo. Por isso, é importante conhecer um pouco das espécies, doenças que as acomete, métodos de higiene para que sejam adequadamente bem cuidados e orientados caso alguma enfermidade acometam esses animais.

No geral, a maioria desses animais são dóceis, podendo morder ou arranhar em momentos de contenção incorreta. Assustam-se facilmente e são extremamente suscetíveis a estímulos estressantes, sobretudo as alterações ambientais. Simples modificações na ração, no comedouro e no bebedouro podem levar os animais a recusar a alimentação. Além disso, os movimentos bruscos podem assustá-los fazendo que passem a correr de um lado para outro, provocando ferimentos neles mesmos. São animais que são mais sensíveis ao calor do que ao frio. No caso dos coelhos, ao se ter mais de um animal em casa, não se deve manter machos adultos em uma mesma gaiola para evitar brigas de disputa de território. As fêmeas adultas também não devem ser mantidas na mesma gaiola por apresentarem pseudogestação.

A alimentação dos roedores é variada, porque cada espécie de roedor precisa de uma dieta especial para saciar todas as suas necessidades. A sua base de alimentação deve ser formada por vegetais como pimentão, tomate, abobrinha, cenoura. Além disso, deve ser composta de frutas da estação que não sejam muito ácidas, como maçã, pera, melancia ou pêssego. Muitas espécies de roedores podem comer cereais e sementes, que também são benéficos para eles. Como a dieta de vegetais e frutas não é suficiente, para desgastar os seus dentes como necessitam, pode-se incluir feno com boa qualidade nutritiva e ração para roedores com alguns cuidados para manter a cavidade bucal saudável. Já o coelho é fundamentalmente herbívoro e come a maioria dos tipos de grãos, verduras e pastos. Tem um ceco grande, o qual produz uma fermentação bacteriana considerável. Praticam a cecotrofagia noturna, ingerindo os cecotrofos diariamente. A cecotrofagia, juntamente com a fermentação fecal, proporcionam as quantidades necessárias das vitaminas do grupo B, protegendo contra deficiência de aminoácidos essenciais, e facilitam a digestão adicional de fibra e outros nutrientes, por uma segunda passagem através do trato digestivo.

A maioria desses animais fazem sua própria limpeza. Em hamsters, por exemplo, não são necessários banhos a menos que estritamente recomendados por um médico-veterinário especialista pois esse tipo de higienização pode afetar diretamente a saúde do pet. Recomenda-se que se tenha cuidado ao usar o pó de mármore, muitas vezes vendido para chinchilas e hamsters, porque pode causar lesões e prurido intenso em hamsters e deve ser considerado como diagnóstico diferencial. Nos coelhos é comum que façam a sua própria higienização se lambendo e cuidando dos pés, face e de todo o corpo. Quando se tem mais de um destes filhotes, eles higienizam um ao outro. É importante, também, manter a escovação dos pelos dos lagomorfos em dia, pois no momento que fazem a sua higienização podem acabar engolindo grande quantidade de pelo que somado ao baixo consumo de água leva à formação da bola de pelo no TGI (trato gastrintestinal), podendo levar à obstrução e impedir que o animal defeque.

Contudo, é importante ressaltar que animais de companhia dependem integralmente dos cuidados que lhes são fornecidos pelos donos. O ambiente quem que vivem deve estimular positivamente o animal, com desafios que previnam a ansiedade, frustração e o estresse crônico, mantendo bons níveis de bem-estar e, consequentemente, não comprometer os índices de seu desempenho. Têm que ter acesso a dietas nutricionalmente equilibradas que promovam o seu bem-estar e longevidade. É essencial conhecer a biologia da espécie, raça, linhagem com a qual se trabalha, uma vez que as necessidades básicas (físicas, emocionais ou comportamentais) a serem satisfeitas não são as mesmas para todos os animais.




REFERÊNCIAS


BIOLÓGICA, IMPORTÂNCIA NA EXPERIMENTAÇÃO. Criação e Manejo de Coelhos. Animais de Laboratório, p. 93.


COUTO, Erica Pereira et al. Levantamento de afecção dermatológicas em roedores e lagomorfos de companhia em clínica veterinária de São Paulo, Brasil. Nosso Clín., p. 56-66, 2014.


KASSAB, GILBERTO. CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL RESOLUÇÃO NORMATIVA N 33, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2016.


RODRIGUES, António Moitinho. Particularidades na alimentação de animais de companhia (Lagomorfos e Roedores). I Ciclo de Conferências: Conselho Técnico-Científico: temas atuais em investigação, p. 35-39, 2012.

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