As doenças zoonóticas são aquelas transmitidas de animais para humanos, podendo ser causadas por vírus, bactérias, parasitas, entre outros agentes patogênicos. Nos últimos anos, observou-se uma maior incidência de zoonoses em todo o mundo, sobretudo em nações emergentes REF. A relação entre esses lugares e as zoonoses se dá principalmente pelos registros crescentes de atividades como o desmatamento e exploração dos recursos naturais em seus territórios. Diante deste cenário, o contato humano com espécies de animais silvestres e exóticos tem se intensificado, o que sem o devido cuidado sanitário, implica na incidência do aumento de casos de indivíduos doentes por zoonoses. Além disso, com a riqueza de novos patógenos e suas cepas há grande capacidade de adaptação e aumento do risco de contaminação por zoonoses.
Analisando o cenário nacional, nas regiões Norte e Centro-oeste, como Pará, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso são locais altamente suscetíveis ao aumento da incidência de zoonoses. Nestas localidades há grande influência econômica gerada pela monocultura e pecuária em larga escala, que somadas ao avanço de políticas neoliberalistas no país, levou o desmatamento a crescer acima da média regional, com cerca de 2,9% ao ano. Ainda, no primeiro semestre de 2020 em todo o território amazônico se totalizou 2.544 km² de área desmatada, um aumento de 24% ao se comparar com o primeiro semestre de 2019. Em menor escala temporal, apenas em junho de 2020 a Amazônia perdeu cerca de 822 km² de floresta, o equivalente a uma área duas vezes maior do que o tamanho da cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Por meio destes dados, obtém-se dados totalmente alarmantes aos olhos conservacionistas. Ao considerar a quantidade de indivíduos de diferentes espécies de animais silvestres que compunham o ecossistema desmatado, e que se não foram mortos, migram cada vez mais próximo de zonas rurais, urbanas e industriais e aumentando desta forma, possíveis interações sociedade-fauna.
Arboviroses e outras doenças transmitidas por invertebrados somam parte importante da casuística de doenças zoonóticas hoje diagnosticadas no país, com grande enfoque para a região Norte. Doenças como a tripanossomíase, ou Doença de Chagas, têm até mesmo evidências de mudança de carácter epidemiológico devido a resultantes dos efeitos antrópicos sobre os ecossistemas onde ocorria naturalmente. O mesmo ocorre com aumento na incidência de casos de leishmaniose e febre amarela, transmitida pelo mosquito-palha, em diferentes regiões brasileiras.
Em resposta ao desequilíbrio ecológico somadas ao estabelecimento e expansão de comunidades humanas e de animais domésticos em áreas desmatadas, estudos apontam que vetores de doenças podem se converter de uma orientação predominantemente zoofílica para uma antropofílica. Se realizada uma análise prospectiva para as tendências nacionais, pode-se prever que inúmeras doenças irão se intensificar na sociedade brasileira decorrente do avanço do desmatamento no país. o
Em conclusão, um cenário positivista neste contexto, poderia ser dado por meio da implementação de diferentes políticas públicas para a conservação dos biomas brasileiros. Cabe também a análise da organização de um plano de emergência em centros universitários e de pesquisa, grupos de estudantes e profissionais qualificados que discutam e trabalhem sobre estes riscos do avanço destas doenças, como o desmatamento afeta diretamente na saúde única e como a próxima geração pode ser preparada para enfrentar os reflexos dos impactos atuais para garantir que tenhamos possibilidades de reverter ou minimizar os impactos causados hoje por tais ações.
Referências Bibliográficas:
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