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O que você sabe sobre as estrelas-do-mar?

Ao contrário do que algumas pessoas ainda pensam, as estrelas-do-mar são animais da classe Asteroidea. Elas pertencem ao grupo dos echinodermatas, que inclui também os ouriços-do-mar e bolachas-do-mar (Echinoidea), lírios-do-mar (Crinoidea), serpentes-do-mar (Ophiuroidea) e pepinos-do-mar (Holothuroidea).

As estrelas-do-mar são animais com características anatômicas e fisiológicas bem diferenciadas. Em sua maioria possuem cinco braços, podendo variar entre espécies, algumas chegam a ter mais de 12 braços. A parte ventral de cada braço é revestida por pés ambulacrários, em forma geralmente de ampola bulbosa e um pódio oco, muscular e com ventosa, que permitem que a estrela se locomova, se fixe no substrato, prenda a presa durante a alimentação, perceba o ambiente ao seu redor e ainda realize a troca gasosa. O corpo é revestido por uma epiderme, internamente possui um espaço denominado celoma e é formado por um endoesqueleto calcário, dividido em vários ossículos que garantem a flexibilidade dos braços. Após a morte do animal, esses ossículos se fundem, formando uma estrutura única, que devido à sua beleza, é muito cobiçada para decoração e artesanato, fazendo com que esses animais sejam muitas vezes caçados para esse fim.

A circulação acontece através do sistema vascular aquífero, que funciona a partir de um conjunto de estruturas como os canais que conectam o disco central aos pés ambulacrários dos braços, vesículas e o madreporito que, com auxílio de cílios e musculatura, participam do bombeamento do fluido composto por água do mar, celomócitos, compostos orgânicos como proteínas e grande quantidade de íons de potássio. A troca gasosa acontece através dos pés ambulacrais e de brânquias dérmicas, que são projetadas para fora da parede do corpo. Por essa razão, esses animais não devem ser retirados da água, pois isso pode levar à absorção de ar por essas estruturas, causando um quadro de embolia gasosa e consequente a morte do animal. Além disso, quando o animal é arrancado de forma brusca do local em que está fixado, parte dos seus pés podem se desprender, o que pode prejudicar a vida do animal até que ocorra a regeneração dos mesmos.

Em sua maioria, as estrelas-do-mar são predadoras oportunistas ou consumidoras de carniça, estando localizadas nas posições mais altas da cadeia alimentar, por se alimentarem de uma grande variedade de espécies e possuir poucos predadores naturais. Por outro lado, algumas espécies são especialistas estritos, consumindo apenas indivíduos de um grupo reduzido. Suas presas são geralmente animais sésseis ou que são incapazes de se locomover mais rápido do que ela, como gastrópodes, cracas e bivalves, realizando o controle populacional desses indivíduos. Além disso, algumas se alimentam de carcaças de animais ou mesmo de microrganismos e detritos, cumprindo um importante papel de limpeza dos oceanos. No momento da alimentação, a maioria das espécies de estrela-do-mar sobe na sua presa e a prende com seus pés. Então ela everte seu estômago através de sua cavidade oral e envolve esse estômago ao redor da sua presa, eliminando enzimas que vão dar início ao processo de digestão externamente ao seu corpo. Após o processo de digestão estar mais avançado, ela recolhe seu estômago com o conteúdo que será absorvido por seu organismo.

Outra curiosidade sobre esses animais é de que eles possuem a capacidade de regenerar os braços caso eles sejam predados ou lesionados, desde que o disco central permaneça intacto em sua maior extensão. Existem lendas que relatam que ao cortar um braço de uma estrela, esse braço da origem a um novo indivíduo, no entanto isso não ocorre. Apenas um gênero de estrela-do-mar possui a capacidade de realizar a reprodução assexuada e formar um novoindivíduo a partir de um braço desprendido, o Linckia, porém esse processo exige um preparo para que esse braço tenha composição necessária para geração de um novo indivíduo. As demais estrelas realizam reprodução sexuada externa e a incubação dos ovos pode ser feita no substrato, na superfície externa do corpo ou no estômago pilórico, a depender da espécie.

Atualmente no Brasil sete espécies de estrela-do-mar são consideradas vulneráveis (VU) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio). As mais conhecidas são a Oreaster reticulatus, popularmente chamada de estrela-do-mar almofadada e a Echinaster brasiliensis, conhecida como estrela-do-mar vermelha. Os principais impactos que atingem esse grupo são a captura por aquariofilistas e turistas, pelo uso desses animais como artigos de decoração, a poluição da água, mudanças climáticas e a pesca de arrasto. A queda nas populações de estrelas-do-mar pode causar danos ambientais graves, com queda da biodiversidade local, gerando prejuízos tanto ecológicos como econômicos, por isso a conservação desses animais é de extrema importância.



REFERÊNCIAS


Amaral, A. C. Z. et al. Invertebrados Aquáticos. In Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF, v. 2., 1420p. METZGER, J.P. 2010 BRUSCA, R.C. & G.J.


BRUSCA, 2007. Invertebrados. 2a edição. Editora Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro. 968 pp.


Brasil. Diário oficial da União. Portaria n.º 445 de 17 de dezembro de 2014

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