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Peixe-boi-marinho: conhecer para conservar!

Apesar do nome começar com peixe, o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) na verdade é um mamífero pertencente à ordem dos sirênios, que podem chegar até 800 quilos. São animais dóceis, extremamente carismáticos e estão distribuídos nos ambientes marinhos e costeiros brasileiros, do Alagoas até o Amapá. Esses mamíferos são herbívoros não ruminantes e diferentemente do peixe-boi amazônico, possuem unhas em suas nadadeiras torácicas e uma coloração acinzentada.

Sua alimentação diária corresponde a cerca de 8% do seu peso vivo, ingerindo principalmente uma planta chamada "Capim-agulha''. Além disso, algas e folhas de manguezal fazem parte da sua dieta, sendo a ingestão de pequenos invertebrados acidental.

Infelizmente, o panorama de distribuição desta espécie no Brasil não é favorável. O peixe-boi-marinho é uma das espécies de mamíferos aquáticos mais ameaçada de extinção no território brasileirol, estimando-se que em vida livre existam cerca de 500 indivíduos. Mas afinal, o que ameaça esta espécie e qual o panorama da conservação do peixe-boi no Brasil?

Anteriormente e com uma maior intensidade, a caça predatória se manifestava como a maior ameaça para a espécie. Atualmente, com a caça sendo controlada pelos órgãos responsáveis, observa-se que estes animais continuam a sofrer criticamente com a pressão antrópica. Isso ocorre, principalmente, devido à degradação dos ambientes marinhos e costeiros associado a fatores reprodutivos da espécie, que é lenta (cerca de 13 meses) e dá origem a poucos filhotes com escassa variabilidade genética.

O panorama de encalhes de neonatos de peixe-boi-marinho no nordeste brasileiro é imenso. Com as áreas de águas calmas para o parto sendo afetadas antropicamente, as mães parem em alto mar, aumentando a probabilidade de encalhe desses filhotes, visto que eles possuem uma dependência muito forte com a mãe, necessitando dela para aprender movimentos como respirar, se deslocar e se alimentar.

Devido ao fator de baixo número de indivíduos na natureza, associada ao baixo grau de variabilidade genética, é de extrema importância para a conservação do peixe-boi marinho, a reabilitação dos neonatos encalhados, visto que a reintrodução destes animais para vida livre contribuirá diretamente para o sucesso da espécie. A reabilitação destes animais é longa, visto que eles são lactentes por 2 anos e, após isto, necessitam aprender a se alimentar de alimentos sólidos e só assim, deverão passar por um momento de aclimatação, em que se habituam ao ambiente natural. Somente após todas estas etapas, será avaliado se este animal está apto para ser solto e monitorado.

Atualmente, no âmbito brasileiro, possuímos instituições que trabalham com o resgate, reabilitação, soltura e monitoramento da espécie. Podemos citar ICMBio/APA Costa dos Corais, ICMBio/CMA, Fundação Mamíferos Aquáticos-FMA, ONG AQUASIS e o Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (PCCB UERN). Possuímos animais que já foram soltos agora sendo acompanhados e monitorados e também estamos vivendo acontecimentos históricos como solturas e monitoramentos no estado do Ceará pela AQUASIS e a 1º translocação do peixe-boi-marinho no Rio Grande do Norte, pelo PCCB.

Para somar esforços à conservação desta espécie, a comunidade é de extrema importância. Integrar esta à práticas de desenvolvimento sustentável, como o turismo comunitário, contribui diretamente para o sucesso do projeto de conservação da espécie.

Além disso, a educação ambiental acaba tornando-se uma das ferramentas mais eficazes para conscientização das comunidades que vivem próximas, mostrando a importância deles para o nicho ecológico da região e caso ocorra algum caso de encalhe, é necessário fazer uma notificação aos órgãos ambientais responsáveis para atuarem o quanto antes.

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