No mundo existe uma concentração de 24 espécies de crocodilianos espalhados por cerca de 90 países, os quais são divididos entre as famílias de crocodilos, jacarés e gaviais, contudo, são nos países da América do Sul onde podemos encontrar o maior número deles. O Brasil é considerado um dos países onde existe maior diversidade de crocodilianos, nele encontramos seis espécies de três gêneros distintos, são eles: Caiman latirostris, Caiman crocodilus, Caiman yacare, Paleosuchus palpebrosus, Paleosuchus trigonatus e Melanosuchus niger que fazem parte da família Alligatoridae e a subfamília Caimaninae. Entretanto, todas as espécies citadas são jacarés, uma vez que no Brasil não existem crocodilos e nem gaviais de vida livre. (MEDEM, 1983; COSTA e BÉRNILS, 2018).
Os jacarés são animais topo de cadeia, desta forma, se alimentam de diversas espécies de animais, preferivelmente de animais que aparentam estarem fracos ou doentes, pois assim não precisam gastar muita energia no ataque. Além disso, os jacarés são ectotérmicos, ou seja, a sua temperatura corporal vai variar conforme o ambiente em que ele vive. Apresentam uma pele seca e bastante resistente a perda de água, recoberta de escamas córneas, com ausência de glândulas e apresentam placas dérmicas por baixo das escamas dorsais, que seguem do pescoço até a cauda. Seu focinho é curto e largo em formato de "U", tem dentes cônicos e apresenta a cloaca, cavidade comum tanto ao sistema excretor quanto ao reprodutor, na parte terminal do aparelho digestório. São animais ovíparos, seus olhos são lateralizados e possuem pálpebra superior e inferior, que é basicamente uma membrana transparente chamada de membrana nictitante, apresentam respiração pulmonar, um coração dividido em quatro cavidades e uma língua não protátil que fica basicamente presa ao assoalho da cavidade oral, podendo isolar a nasofaringe. (AZEVEDO, 2003; BASSETTI, 2006).
A maior espécie de jacaré é o Jacaré-açu (Melanosuchus niger) podendo chegar a um tamanho superior a 6 metros. No Brasil, está distribuído nas regiões Norte e Centro-Oeste, entretanto, 70% de sua população está localizada na bacia Amazônica, além de também serem encontrados na Colômbia, Bolívia, Equador, Peru e nas Guianas (MEDEM, 1981). As espécies de Paleosuchus vão ser as menores, o Jacaré-coroa (Paleosuchus trigonatus), vai chegar a 2,3 metros na Amazônia (MEDEM, 1981) e o Jacaré-paguá ou jacaré-anão (Paleosuchus palpebrosus), tem o tamanho máximo.reportado de 2,1 metros no Pantanal (CAMPOS et al., 2010). Já com relação às espécies de Caiman, os seus tamanhos são intermediários, podendo alcançar cerca de 3,5 metros o Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris), enquanto o Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) costuma alcançar os 2 metros e o Jacaretinga (Caiman crocodilus) tem porte médio e cresce até 2,5 metros. (VERDADE e PIÑA, 2006).
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, J.C.N. Crocodilianos – Biologia, Manejo e Conservação. Editora Arpoador, João Pessoa, 2003, 122p.
BASSETTI, L.A.B. Crocodyla (Jacaré, Crocodilo). In: CUBAS Z. S.; SILVA J. C. R.; CATÃO-DIAS J. L. Tratado de Animais Selvagens Medicina Veterinária. Editora Roca, São Paulo, 2006, p.120-134.
CAMPOS, Z.; MAGNUSSON, W. E. Density and Biomass Estimates by Removal for an Amazonian Crocodilian, Paleosuchus palpebrosus. PLoS One, v. 5, n. 11, p. 1-7, 2016.
CAMPOS, Z.; MARIONI, B.; FARIAS, I. et al. Avaliação do risco de extinção do jacaré-paguá Paleosuchus palpebrosus (Cuvier, 1807) no Brasil. Biodiversidade Brasileira, v. 3, n. 1, p. 40-47, 2013a.
CAMPOS, Z.; MARIONI, B.; FARIAS, I. P.; VERDADE, L.M.; BASSETTI, L.; COUTINHO, M. E.; DE MENDONÇA, S. H. S. T.; VIEIRA, T. Q.; MAGNUSSON, W. E. Avaliação do risco de extinção do jacaré-coroa Paleosuchus trigonatus (Schneider, 1801) no Brasil. Biodiversidade Brasileira, v. 3, n. 1, p. 48-53, 2013b.
COSTA, H.; BÉRNILS, R. S. Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas: Lista de Espécies. Herpetologia Brasileira, v. 8, n. 1, p.11-57, 2018.
MEDEM, F. Osteología craneal, distribución geográfica y ecología de Melanosuchus niger (Spix), Crocodylia: Alligatoridae. Revista de la Academia Colombiana de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales, v. 12, p. 5-19, 1963.
MEDEM, F. Los Crocodylia de Sur América: Los Crocodylia de Colombia. Editorial Carrera: Bogotá, v. 1, 1981. 354 p.
MEDEM, F. Los Crocodylia de Sur América: Venezuela - Trinidad Tobago - Guyana - Suriname - Guayana Francesa - Ecuador - Perú - Bolivia - Brasil - Paraguay - Argentina - Uruguay. Editorial Carrera: Bogotá, v. 2, 1983. 270 p.
VERDADE, L. M.; ZUCOLOTO, R. B.; COUTINHO, L. L. Microgeographic variation in Caiman latirostris. Journal of Experimental Zoology, v. 294, p. 387-396, 2002.
VERDADE, L. M.; LARRIERA, A.; PIÑA, C. I. Broad-snouted caiman Caiman latirostris. In: MANOLIS, S.C.; STEVENSON, C. (Eds.). Crocodiles. Status Survey and Conservation Action Plan. 3ed.Gland, Switzerland: IUCN Publications Services Unit, 2010. p. 18-22.
VERDADE, L. M.; PIÑA, C. I. Caiman latirostris. Catalogue of American Amphibians and Reptiles (CAAR), 2006.
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