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Foto do escritorLuiza Esteves Silva

Serpentes são mesmo vilãs?

As serpentes fazem parte da Ordem Squamata e se encontram em quase todos os locais do planeta, exceto nas calotas polares. Elas são animais ectotérmicos, ou seja, necessitam de fontes externas para manter sua temperatura, habitando principalmente regiões tropicais. No Brasil existem aproximadamente 371 espécies, sendo essa diversidade causada pela variedade de ecossistemas no território brasileiro que possibilitam o desenvolvimento de diferentes organismos.

Apesar das crenças populares, nem todas as cobras são peçonhentas, ou seja, possuem uma substância capaz de trazer dano a um organismo com o qual entra em contato, seja por inalação, ingestão ou absorção. Nesse contexto, é fato que alguns gêneros possuem veneno e, para isso, possuem uma peçonha, substância tóxica produzida por uma glândula especializada. Diante disso, esses animais são divididos em quatro grupos conforme sua dentição:


1. Dentição áglifa: os dentes do maxilar são aproximadamente do mesmo tamanho, sólidos e não são especializados para inoculação de peçonha. Exemplos são a Boa constrictor – jiboia; Eunectes sp. – Sucuri; Chironius sp. – Cobras-cipó.


2. Dentição opistóglifa: têm um ou mais pares de dentes maiores, na parte posterior, com sulco pelo qual escorre a peçonha. Exemplos são Philodryas sp. – Parelheiras; Oxyrhopus sp. e Erythrolamprus sp. – Falsas-corais.


3. Dentição proteróglifa: um par de dentes imóveis com sulcos pelos quais escorre a peçonha situados na parte anterior da boca. Um gênero significante é o Micrurus sp. – todas as cobras corais verdadeiras.


4. Dentição solenóglifa: par de dentes móveis grandes e ocos na parte anterior da boca, pelos quais a peçonha escorre. Exemplos são os gêneros Caudisona spp. – Cascavéis; Bothrops sp. e Bothiopsis sp.– Jararacas e Lachesis muta – Surucucu-pico-de-jaca.


As serpentes são animais essenciais na natureza, realizando importante papel ecológico em diversas cadeias alimentares, podendo atuar como predadores de mamíferos, aves, lagartos, serpentes, por exemplo, e também como presas de seriemas, gaviões, corujas, outras serpentes entre outros. Isso é extremamente importante, uma vez que uma das bases do equilíbrio ecológico está no controle populacional intrínseco a esse tipo de dinâmica do ecossistema. Quando em desarmonia, pode-se sobrecarregar alguma categoria biótica devido a uma desproporção entre os grupos de consumidores, produtores e decompositores, o que pode levar a um aumento ou diminuição populacional significativo de algum ser vivo.

Essa categoria de animais também é responsável por grande suporte à indústria médica e farmacológica. O veneno de serpentes possui grandes potenciais benéficos aos seres humanos, podendo ser base para produção de soros antiofídicos utilizados na medicina em situações emergenciais nas quais seres humanos ou animais se acidentem com esses répteis. Além disso, por meio do veneno podem ser sintetizados fármacos como o Captopril. Esse medicamento é derivado de um peptídeo isolado do veneno de Bothrops jararaca (Jararaca-da-mata) descoberto em 1975, que, até os dias atuais, é amplamente utilizado como anti-hipertensivo de uso humano e veterinário.

As serpentes são fundamentais para o equilíbrio ambiental. Além da sua importância para o equilíbrio dos ecossistemas, nem todas possuem o veneno, ainda que ele seja extremamente útil e importante aos seres humanos. Dessa forma, é fundamental prezamos pela conservação desses animais e preservarmos biomas naturais nos quais seus exemplares estão inseridos.



REFERÊNCIAS


1. SILVA, Jean Carlos Ramos. Tratado de animais selvagens-medicina veterinária. Editora Roca, 2007.


2. DE PONTES, Bruna Elizabeth Silva et al. Serpentes no contexto da educação básica: sensibilização ambiental em uma escola pública da Paraíba. Experiências em Ensino De Ciências, v. 12, n. 7, p. 79-99, 2017.


3. Répteis - Serpentes. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Disponível em <https://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/2790-repteis-serpentes> Acesso em 11 de janeiro de 2022.

4. DOS SANTOS, Ilia Gilmara Carvalho; FORTES-DIAS, Consuelo Latorre; DOS SANTOS, Maria Cristina. Aplicações farmacológicas dos venenos de serpentes brasileiras enfoque para Crotalus durissus terrificus e Crotalus durissus ruruima1. Scien Amaz, v. 6, n. 1, p. 42-53, 2017.


5. LIRA-DA-SILVA, Rêjane M. et al. Serpentes de importância médica do nordeste do Brasil. Gazeta Médica da Bahia, v. 79, n. 1, 2009.

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