Os axolotes (Ambystoma mexicanum) são salamandras da família Ambystomatidae e ordem Caudata. Ao contrário de outras salamandras, os axolotes passam por um fenômeno conhecido como neotenia, isto é, ao invés de sofrerem metamorfose completa, eles atingem a maturidade sexual em seu estágio larval. Dentre suas características, se relacionam com a neotenia a presença de brânquias, membranas interdigitais e barbatana dorsal que percorre toda a extensão do corpo até a cauda. Entretanto, os axolotes maduros sexualmente possuem pulmões funcionais, além de conseguirem respirar pela pele e orofaringe.
Os axolotes se alimentam principalmente de pequenos peixes, moluscos e artrópodes, podendo variar e incluir vermes terrestres, ovos de salmão e zooplâncton, ademais, uma curiosidade interessante é que esses animais se alimentam por sucção (sugam o alimento para dentro da boca). Sua pele pode ter coloração variável e padrões distintos. Essa pigmentação e padrões de cores são o resultado da expressão de quatro genes diferentes. Na natureza, os axolotes são geralmente marrons ou pretos com manchas douradas ou verde-oliva. No entanto, como outras salamandras, elas também podem ajustar sua cor para se camuflar melhor com o ambiente por meio de cromatóforos presentes na pele.
Os axolotes de cores mais claras, incluindo albinos, leucísticos (com pigmentação reduzida) e rosa, são mais comuns em indivíduos criados em cativeiro. Esses animais são objetos de pesquisa devido a sua alta capacidade regenerativa. Eles são capazes de regenerar membros, coração, medula espinhal e até mesmo partes do cérebro, sem cicatrizes. Entretanto, ainda existem divergências de estudos sobre quantas vezes esses animais podem fazer esse processo. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Harvard sugere a existência de um limite em relação à quantidade de vezes que os axolotes passam ilesos pelo processo regenerativo; o estudo apontou que a partir da quinta vez, começa a ocorrer formação de tecido cicatricial. Abordando um pouco mais sobre suas características, esses animais possuem dimorfismo sexual. O macho adulto tem a cabeça grande e larga, além de possuírem a cauda mais longa em relação a das fêmeas e uma cloaca inchada e revestida por papilas. O macho e a fêmea axolote iniciam o processo de reprodução com uma “valsa”, algo semelhante a uma dança que servirá como fase de iniciação do acasalamento. Ambos os indivíduos vão se esfregar e deslizar contra a cloaca um do outro enquanto se movimentam em círculos; o macho eventualmente deixará cair uma massa em forma de cone com uma tampa de esperma após uma agitação vigorosa da cauda. A fêmea coletará o depósito com a sua cloaca e também fará um movimento de agitação da cauda para iniciar a fertilização. As fêmeas depositam aproximadamente 100 a 300 ovos e se reproduzem uma vez por ano na natureza, com maior frequência em cativeiro. Depois que os ovos são depositados com segurança, não há mais envolvimento dos pais.
Esses animais estão naturalmente localizados em apenas um lugar no mundo: o Lago Xochimilco, no México. A sua baixa distribuição geográfica é um dos fatores que contribui com a sua classificação de criticamente ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Além disso, a poluição da água e a presença de espécies invasoras, como carpas e tilápias, no seu único habitat natural comprometem sua qualidade de vida e busca por alimentos. Por esse conjunto de fatores, em alguns lugares os axolotes podem ser manejados em cativeiro para fins alimentares ou venda como animais de estimação.
REFERÊNCIAS
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