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Délcio Magalhães

GRANDES RATITAS: AS MAIORES AVES DO MUNDO NÃO VOAM

As aves denominadas ratitas são rodeadas de uma enorme polêmica, uma vez que o grupo não é uma classificação taxonômica, e sim, popular, com a lógica bastante parecida com o grupo dos paquidermes, antigamente usado para englobar rinocerontes, elefantes e hipopótamos. Uma vez que apresentam características em comum, são correlacionados geneticamente, porém não existe um táxon chamado “Ratita”. Sthrutioniformes (avestruzes), Casuariiformes (casuares e emus), Rheiformes (ema e nandus), Apterygiformes (kiwis) e Tinamiformes (inhambus), alvos de muita polêmica na inclusão à classificação popular, pertencem todos a um grupo (superordem) chamada Paleognathae, que são aves de asas atrofiadas, adaptadas a vida sem voo, ausência de carena (quilha) no esterno, e a ausência de um processo ósseo no crânio. A principal polêmica está, de fato, com os tinamiformes estarem agrupados no mesmo táxon e não serem muito aceitos na classificação popular.


Focando nas grandes espécies, temos as maiores aves do planeta representadas neste magnífico grupo, tendo como os principais exemplos, os avestruzes, emus, casuares e emas. Com os avestruzes sendo os mais populares em criações cativas pelo mundo, seja em parques zoológicos, mantenedouros de fauna, criações particulares e, principalmente, como animais de produção, sendo aproveitados ovos e carne, por terem um valor nutritivo alto e seus subprodutos como couro e penas. Seu sistema digestório é extremamente adaptado para digestão de matéria vegetal fibrosa, explicando seu ceco desenvolvido e seus hábitos de pastejo.

Sobre os casuariformes, animais nativos da Oceania, os emus apresentam dieta extremamente sazonal e ligada à disponibilidade alimentar, tendo épocas que comem matéria vegetal, grãos, frutos, insetos e até pequenos vertebrados, comparado ao avestruz tem uma capacidade de fermentação intestinal muito menor. Os casuares se mostram mais pecualires ainda ao exercer um papel relativamente parecido com a anta brasileira (Tapirus terrestris) na dispersão de sementes nativas, como explicado no Painel Selvagem “Quem são as antas? ”. Um grande problema na conservação dessa ave, tida como “a mais perigosa do mundo” deve-se ao confronto com pessoas e animais domésticos, uma vez que estão cada vez mais próximas das cidades, justamente pelo fato da população local fornecer frutos aos filhotes, as fatalidades ocorrem ao encontro com animais adultos em época de reprodução, que dispõe de uma garra enorme e são extremamente agressivos com relação aos cuidados parentais.

As maiores aves das Américas são os reiformes, que compartilham muitas características em comum com os avestruzes, desde alimentares até uma proximidade genética maior. Seu canto extremamente marcante, é alvo de crenças os relacionando à mau agouro, interferindo na conservação desta ave.

Tais aves, por serem de porte grande e comportamento muitas vezes agressivo, acabam dificultando o manejo relacionado à rotina de cuidados com o ambiente, nutrição e saúde, portanto, o trabalho multidisciplinar é fundamental para o sucesso na criação deles, sendo indispensável a atuação de biólogos, zootecnistas, veterinários e outros profissionais.

Referências:

BAKER, Allan J.; PEREIRA, Sergio L. Ratites and tinamous (Paleognathae). The timetree of life, p. 412-414, 2009.

Hackett, Shannon J., et al. "A phylogenomic study of birds reveals their evolutionary history." science 320.5884 (2008): 1763-1768.


Tomlinson, CA Bonga. "Feeding in paleognathous birds." Feeding: form, function, and evolution in tetrapod vertebrates (2000): 359-394.


Mack, Andrew L. "Distance and non‐randomness of seed dispersal by the dwarf cassowary Casuarius bennetti." Ecography 18.3 (1995): 286-295.


Moore, L. A. "Population ecology of the southern cassowary Casuarius casuarius johnsonii, Mission Beach north Queensland." Journal of Ornithology 148.3 (2007): 357-366.


Kofron, Christopher P. "Attacks to humans and domestic animals by the southern cassowary (Casuarius casuarius johnsonii) in Queensland, Australia." Journal of Zoology 249.4 (1999): 375-381.


Barcelos, Adriana Renata, et al. "Seed germination from lowland tapir (Tapirus terrestris) fecal samples collected during the dry season in the northern Brazilian Amazon." Integrative zoology 8.1 (2013): 63-73.

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