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Você sabia que a agricultura pode impactar a vida dos botos-cor-de-rosa?

Aricia Duarte Benvenuto

Os botos-cor-de-rosa são os maiores golfinhos dos rios, sendo essencialmente fluviais e divididos em três espécies: Inia geoffrensis, Inia boliviensis e Inia araguaiaensis. O boto mais comum é o I. geoffrensis, sendo encontrado em quase toda região. Enquanto o I. boliviensis fica restrito na Bacia do Rio Madeira em Rondônia e Bolívia, e o I. araguaiaensis na Bacia Hidrográfica dos rios Araguaia e Tocantins.

Sua vida reprodutiva e distribuição são fortemente influenciadas pelo ciclo hidrólogico da região, com os nascimentos e cópulas ocorrendo no final da cheia e início da vazante, ou seja, junho a setembro, devido a alta densidade de peixes e pouca quantidade de água. Porém, conforme a água vai secando, os animais vão saindo dos lagos e canais da várzea em direção ao canal do rio principal, evitando ficar presos. Logo, o período é de extrema importância para a espécie e o "timing" essencial para prevenção de encalhes.

Na última semana, foram reportados 12 encalhes de botos-cor-de-rosa, sendo esses resgatados pela equipe montada pelo INPA e Associação Amigos do Peixe Boi, e translocados para áreas seguras e cheias. O transporte em si dos animais já representa um desafio, sendo necessário um monitoramento constante da frequência respiratória e umidade corpórea dos botos, além de um acompanhamento de perto por diversos profissionais. Esses episódios não são inéditos, porém a grande quantidade que ocorreram esse ano chamou atenção tanto da mídia quanto dos especialistas da área. A falta de chuvas levaram a uma seca intensa e antecipada, que somada ao bombeamento de água dos rios para a agricultura, fizeram com que a drenagem de água fosse acelerada, impedindo que os animais tivessem tempo de escapar.

Dentre os animais resgatados, estavam indivíduos da espécies Inia araguaiaensis, que foi descoberta recentemente e é exclusiva do território brasileiro. Ainda se sabe muito pouco dessa espécie, porém esses resgates e estudos já conseguiriam evidenciar a vulnerabilidade dos botos, e eles já se apresentam ameaçados de extinção, ou seja, os animais apesar de recentemente identificados, podem já vir a desaparecer.

De forma geral, os resgates dos botos-cor-de-rosa evidenciam de uma maneira bem direta, como as ações humanas influenciam na vida dos animais, prejudicando não apenas indivíduos, mas com um potencial de impactar em uma espécie como um todo.

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